quinta-feira, 24 de julho de 2008

UVAS DA BAIRRADA


Aos cheiros e cores do parreiral
De uvas carregadas e brilhantes,
Orvalhadas por suor de alvoradas,
Pinta-se solarengo o eterno vale
Cantado em altas vozes inebriantes,
Bacantes mãos por amor calejadas.

Dançam-se sabores nestas encostas
Enfeitadas pelo verdejar da parra,
Pelos sorrisos vindimeiros do povo
De quem carrega seu pão às costas,
Qual bela história que aqui narra,
O nascer do vinho, do sangue novo.

Jorra o néctar em cor tão bela, granada,
Semeia prazer em doces alfarrábios
Em velhas páginas de fartos encantos,
Embalam-se os corpos em noite cerrada
Envolvidos em beijos dos teus lábios,
Em ti, por ti em todos os recantos.

Vinho divinal a mil castas roubado
Hino aos agrados da verde Bairrada,
Bênção Dionísia da sagrada lavra,
Levanta-me louco a cantar o Fado
Louvor a notável gente prendada,
À uva, ao Sol, à chuva e à palavra.

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