quinta-feira, 24 de julho de 2008

CONVERSAS PARA UM CORPO SÓ


Sabes mão!
És tu quem me aplaca a dor,
O isolamento
Nesta cadeia de solidão.
Sentes o frio, o calor,
Agarras-te à vida em pensamento,
És tu quem afaga os seios,
Os olhos da mulher desejada,
Os cabelos espreguiçados ao vento.
Apertas os mais íntimos receios
Do amanhã que não tarda nada,
No bater deste coração, tão lento.
Pegas com delicadeza a flor,
A criança que daí brotou,
Vives nua, ao relento,
Abres-te na ironia do amor,
Qual asas de pássaro que voou,
Flor mãe e seu rebento.
Trocas palavras com outras mãos,
Entrelaças com nós seus dedos
Na agonia de um momento,
Na alegria de dois irmãos,
Nesta purga dos nossos medos,
Neste chão em que me sento.

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