tag:blogger.com,1999:blog-11256636122219491572024-03-13T01:00:46.545+00:00palavras do alentejoFernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-55077815191427094162010-03-12T18:30:00.001+00:002010-03-12T18:36:16.344+00:00PirilamposTenho meus dedos cheios de tiLábios amaciados em teu corpo veludo,Todo o meu ser lavado em perfume teu,Fazes de mim miúdo calado por aíCapaz do mundo, de quase tudoQue tua vida me prometeu.Olha bem aquelas águas calmas,Escondidas em manto de cegueiraDe luzes em teus olhos espelhadas,O grito de nossas duas almasQue ecoa vadio na noite soalheiraPor entre estas peles orvalhadas.Não importa o que nãoFernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-63881591377973990162010-03-12T18:13:00.004+00:002010-03-12T18:28:31.200+00:00Choram-te as Mãos AbertasChoram-te as mãos abertasEmaranhadas em meu cabelo,Feridas de receoso orgulhoPerdido em fios de novelo,Nuvens brancas encobertas.Falam teus olhos loucosPelo prazer que te têm,Segredam-me a tua vidaComo ondas que vão, vêmEm meu peito, aos poucos.Descobrem-se teus seiosEm mão de escultor divinoSob inveja óbvia dos céus,Acanhados como um meninoNascido de meus receios.Solta-se a tua alma, palavraQue Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-75006267422396058772009-04-20T22:41:00.001+01:002009-06-05T19:00:38.351+01:00Prisão de SentidosNesta prisão carregada de sentidosDe paredes e grades, em que envelheciA ouvir os rouxinóis entre a folhagem,Sinfonias de compositores desconhecidos,Bandas sonoras dos filmes que não vi...Mundos feitos à minha imagem.Sussurro às pedras deste meu chãoQue nem vejo nem sinto...Recordação dos tempos idos,A alegria contagiante do meu irmãoÀ lareira, um copo de bom tinto,Despiques de Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-27696964199395968662009-04-20T22:29:00.000+01:002009-04-20T22:40:29.005+01:00Olhar de Miúdos DescalçosO sabor do oceano adoça-me a bocaComo se sentisse o mel nos teus lábios,Súplica de encantadas sereias,Delírios entoados pela ventaneira.Viagem infindável de uma romeiraTrilho traçado no chão que semeias,Páginas mastigadas dos alfarrábiosQue contam a nossa natureza louca.Castelos imponentes feitos de areia,Desenhados por valvas e pedrinhasExtensões de quimeras perdidas…Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-59490415993928999472009-02-23T17:40:00.000+00:002009-02-23T17:51:28.460+00:00Excertos ISer alguém e gente também,Tinta de caneta sem corQue troca letras, olhos,Queimar o frio com amorE ver sempre mais, mais além.Temer a morte da vida de alguém,Plantar sonhos em forma de florQue nasce e renasce em teus olhos,Saborear no aconchego, o calorQue faz sorrir e sentir, tão bem.Sussurrar o vento de ninguém,Que voa perdido, sem sabor,Leva-me de cá para lá em teus olhos,Esses Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-42238915912628512802009-02-23T17:37:00.000+00:002009-02-23T17:52:45.967+00:00Excertos IISer só uma protuberância de teus lábios,Feita acrescento misterioso de ar corpóreoConfundido na sombra que hoje esquecesEm páginas gastas de sábios alfarrábios,Sentadas num alto e verde promontórioEsculpido pela alma fria que me aqueces.Amar-te é tudo isso, aquilo ou ademais,Sem medo de ter medo de tantos receiosAfogados no fundo de lânguidas sensações,Escravizadas por trincheiras Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-58559825438702893662009-02-23T17:30:00.000+00:002009-02-23T17:54:05.722+00:00Excertos III (para Antónia Ruivo)Afaga-te palavra feita de desejoTomada agora por conquistaCativa refém de louco mundo,Pedra áurea de alquimistaDe brilho eterno e profundo.Grita-te palavra revolucionária,Escrita por balas em teu peitoNa manhã odorada a candeláriaQue acorda rasgada em teu leitoPor sabres que sangram batalhas.Soma-te palavra à vida que fogePor entre olhares perdidos,Cabelos Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-77555948187372418302009-01-04T11:54:00.000+00:002009-02-23T17:57:33.367+00:00MontemorDas ameias de meu casteloVejo o tom azul do céu,As histórias encantadasDas noivas num lindo véu,Montemor cada vez mais belo.Na altiva torre do relógioConto o correr do teu tempo,As palavras que me desteEm dias perdidos no destempo,Da vida seu adágio.Nas pedras de suas muralhasLeio o brilho de um olhar,Com lágrimas de mil passadosQue se soltam no marEm papiros de pregalhas.Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-3868002414292800612008-07-24T18:05:00.002+01:002009-02-23T18:00:38.726+00:00CONVERSAS PARA UM CORPO SÓSabes mão!És tu quem me aplaca a dor,O isolamentoNesta cadeia de solidão.Sentes o frio, o calor,Agarras-te à vida em pensamento,És tu quem afaga os seios,Os olhos da mulher desejada,Os cabelos espreguiçados ao vento.Apertas os mais íntimos receiosDo amanhã que não tarda nada,No bater deste coração, tão lento.Pegas com delicadeza a flor,A criança que daí brotou,Vives nua, ao relento,Abres-te na Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-64740496390122998722008-07-24T18:05:00.001+01:002009-02-23T18:02:27.448+00:00UVAS DA BAIRRADAAos cheiros e cores do parreiralDe uvas carregadas e brilhantes,Orvalhadas por suor de alvoradas,Pinta-se solarengo o eterno valeCantado em altas vozes inebriantes,Bacantes mãos por amor calejadas.Dançam-se sabores nestas encostasEnfeitadas pelo verdejar da parra,Pelos sorrisos vindimeiros do povoDe quem carrega seu pão às costas,Qual bela história que aqui narra,O nascer do vinho, do sangue Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-69408869926934598202008-07-24T18:03:00.000+01:002009-02-23T18:04:04.442+00:00SULCOSConsumo as linhas do teu rosto,Os teus sentidos apuradosEnvoltos num mistério oriental,Tanto para além do meu desgosto,Teus olhos por lágrimas salivadosEm cores douradas de metal.Faço de ti escultura sensualDe mármores pulidos por carinho,Copo enfeitado de cristal,Embebido em tragos de vinho.Desenho-te o respirar ofeganteSublinhado pelo toque suaveDo teu beijo matinal.Sexo silenciado e viciante,Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-51582795064917758552008-07-24T18:01:00.000+01:002009-01-04T12:04:29.087+00:00SURREALISMODebruço-me sobre o precipícioNum esgar de olhar apagado,De reticências disformesQue limitam um diálogo falhadoCores, formas e manias de vício.As pernas receiam o movimento,Semeiam-se de tremedeirasNo rosto da aventura louca,Varejam como duas rameirasNum mexer constante e lento.As íris crescem e decrescemSaltam dos seus púlpitosEm suores de calor,Dentro dos olhos súbditosQue, incessantes, sobem e Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-58861920696627779172008-07-22T17:49:00.000+01:002009-01-04T12:05:05.080+00:00GARGAREJOSNum mundo de não sei o quê,Feito de espelhos curvos,Árvores sem braçosE Homens sem ramos,Desfolhado em forma de Vê.Margem de rios turvosCom flores em seus regaçosPai de seres anfígamos.Sou moldado em barro seco,Esculpido em dor de cinzelPor doutrinas de anciãesMãos rasgadas de amor.Sou verbo nulo, arquisseco,Vírgula solta de aranzel,O orgulho de tantas mães,Raio de Sol sem vigor.Castrada Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-85315281275849701892008-07-22T16:58:00.000+01:002009-01-04T12:06:21.720+00:00ENTRE ASPASDe vida fechada em aspasPor interrogações que a percorrem,Soltam-se em pronomes verbaisMetáforas que fogem à caneta,Grafadas por tintas velhas e gastas.Páginas sujas que branqueiamLivres de vírgulas, pontos finaisOu de outro pecado que se cometa.Quentes chuvas estivaisQue se espojam paralelas neste chãoFigurado a lentas pinceladasPor mão cega, deserta,Ligeiramente óbvias e fatais.Adagas cortantesFernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-27339645919276781702008-07-22T16:57:00.000+01:002008-07-24T18:25:05.165+01:00QUEROQuero namorar-te!Não importa o que digas,O que penses ou sintas...Quero ser tua obra de arteInveja nas tuas amigas,Quadro tosco que me pintas.Quero tocar-te!Ser servo do teu respirar,Da palma aberta da tua mãoQue me acena quando parte,Lágrima triste a brilhar,Brilho da tua razão.Quero olhar-te!Como quem olha o nadaQue mergulha em teu perfume,Feito altivo estandarteEm paixão segredadaDe Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1125663612221949157.post-28175389907419814592008-07-22T16:49:00.000+01:002008-07-24T18:25:30.361+01:00PEQUENA CARTA À MINHA MÃEMãe, hoje o dia é teu,Este dia em que és criançaFeliz, de brilho no olhar,Coração recheado de esperançaEm tudo o que a vida prometeu.Não fui o filho que querias,O doutor, juiz, professor,Mas sou um filho que te ama,Que sente ainda o teu calorNaquele sorriso que me fazias.Fernando Jorge Matias Saiote - Montemor-o-Novohttp://www.blogger.com/profile/05991676342684454190noreply@blogger.com0