sexta-feira, 12 de março de 2010

Pirilampos


Tenho meus dedos cheios de ti
Lábios amaciados em teu corpo veludo,
Todo o meu ser lavado em perfume teu,
Fazes de mim miúdo calado por aí
Capaz do mundo, de quase tudo
Que tua vida me prometeu.

Olha bem aquelas águas calmas,
Escondidas em manto de cegueira
De luzes em teus olhos espelhadas,
O grito de nossas duas almas
Que ecoa vadio na noite soalheira
Por entre estas peles orvalhadas.

Não importa o que não tenha,
O que mais me roube a vida
De entre campos e cores,
Quero só que um dia venha
Nascido em manhã perdida
O teu sabor perfumado em flores.

Choram-te as Mãos Abertas


Choram-te as mãos abertas
Emaranhadas em meu cabelo,
Feridas de receoso orgulho
Perdido em fios de novelo,
Nuvens brancas encobertas.

Falam teus olhos loucos
Pelo prazer que te têm,
Segredam-me a tua vida
Como ondas que vão, vêm
Em meu peito, aos poucos.

Descobrem-se teus seios
Em mão de escultor divino
Sob inveja óbvia dos céus,
Acanhados como um menino
Nascido de meus receios.

Solta-se a tua alma, palavra
Que desbasta estes horizontes,
Espada afiada, mortal adaga
Que sangra a água das fontes,
Semeia a terra que a mim lavra.